Filosofia para Crianças

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

«Vamos a Votos!» - Limites do Critério Democrático

Numa sessão de Filosofia para Crianças não é raro o coro de vozes simultâneas de desacordo. Arrisco dizer que é um dos indicadores de qualidade de uma sessão.
Uma das reacções a esta confusão de «Siiim!» e «Nãaao!» inicial é «Vamos a votos!».

E isto motivou a sessão de hoje com o 4º ano.
O que nos diz a votação?
Serve para todos os casos?
O que não nos diz a votação?

Não sei se foi por grande parte da comunidade de investigação se ter ornamentado com as anteninhas de abelha, já ensaiando para o corso de carnaval, mas as ideias brotaram com velocidade e com qualidade!






Há pouco tempo houve eleições e os votos disseram «a opinião das pessoas», «as preferências por um candidato» e que «Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito pelos portugueses». Decidiu-se.
As pessoas pensaram que ele foi o melhor candidato porque: gostaram dos seus projectos (La.) observaram as suas características (mas às vezes os candidatos podem fingir) (J.), pensaram bem antes de ir votar (L.).

Partimos para outro caso «Que jogar no recreio?»
Sim, a votação parece resolver este problema. Mas para isso têm de existir várias opções!  (La.)

Outro problema mais: «Qual o jantar de logo à noite?»
A votação pode resolver esta questão. Mas há outras formas de resolver! 
- cada um janta o que desejar  (La.);
- é melhor escolher bifinhos de perú (L.), porque há no frigorífico, mesmo que a opção mais desejada seja frango assado. Porque: * não há frango; * ir comprar demora muito; * a loja pode estar fechada (M.)...
- não há escolha, é a mãe que faz. (L.)

Um problema um pouco mais difícil: «Roubar pode ser justo?»
Se em 8 pessoas 7 disserem que roubar pode ser justo, isso quer dizer que roubar pode ser justo?
Não. Porque sete podem estar erradas ou a pessoa pode estar sozinha e certa (M.). E porque pode ser ou não ser (J.). E portanto temos que pensar bem (L.) - que é como quem diz ver quando pode ser justo, quando é que não é justo, dizer porquê e só depois concluir. (La. e J.)

E a L. brindou-nos com um último limite do critério democrático - a verdade.
«Se a F. diz que a festa da J. é na hoje e a R. diz que não é hoje, ir a votos resolve nada.» (L.)


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