Filosofia para Crianças

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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O que é uma contradição?

Esta semana a obra A Contradição Humana, de Afonso Cruz, visitou as habituais sessões de Filosofia para Crianças do Agrupamento de Escolas Dr.ª Laura Ayres.
 
«Com o devido espírito» da obra trabalhámos a definição e ainda houve espaço para encontrar exemplos.
 
Antes de ler a história as definições avançadas variavam entre o não faço a mínima ideia, a vida, exploração, descoberta, ou, aproveitando a sonoridade, contra a tradição.
 

 
A contradição, como grande parte da ausência de lógica, provocou boas gargalhadas e perplexidade - como é possível alguém desafinar tanto numa canção de embalar que não deixa ninguém adormecer!!! (figura abaixo)
 
E também alguma identificação: afinal há muitos animais em gaiolas, aquários e terrários presos por amor! É o caso da tartaruga da Lara e do canário do Daniel (penso que já falámos dele aqui :) ) Já o Leandro lembrou-se de quando estava a escrever com uma borracha, o Rui do quanto gosta da irmã e a quer ver longe. O Gonçalo falou do seu amor pela Bia ao mesmo tempo que é amigo dela. (Bem, penso que a afirmação deste exemplo como contradição daria pelo menos mais uma sessão inteira.)
 
 
 
As palavras definidoras, depois de ouvir a história e dos exemplos reconhecidos e partilhados, passaram a antónimo, baralhado, fazer o contrário como os malucos, fazer tudo mal, trocar.
 
Foi o momento de forçar uma separação: 
Onde existe a troca ou a baralhação em gostar de pássaros?
«-Eu gosto muito de pássaros.» - há algo de errado nisto?
A resposta foi evidente: não há nada de errado ou trocado em gostares de pássaros, mas não podes gostar deles e prendê-los. Porque senão eles ficam infelizes. Quando gostamos de alguma pessoa não a queremos infeliz.
 
Eis o que procurávamos desde o início das sessões: há coisas que não se podem dizer e ou fazer ao mesmo tempo: seria uma contradição!
 
 
Obrigada a todos pelas excelentes sessões!
LSilva
 
 
 
(Recomendo vivamente a obra, apesar de a ter aplicado a sessões com o 2º e 4º ano ela pode na perfeição estender-se a públicos com mais idade, sob outros enfoques ou aproximações. Adorei!)
 




quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Uma Aldeia EXQUISita

O 2º A fez na passada segunda-feira uma oferta especial à sua Biblioteca. Um livro escrito, ilustrado e construído pelo grupo de Filosofia para Crianças. A obra colectiva em forma de harmónio nasceu a partir da metodologia do Cadáver Esquisito e resultou no seguinte texto:
 
"De qualquer lado surgiam smurfs. Bebiam água e atiravam bolas de neve. O bico pulava com a águia: era a sua natureza. A Sara tinha uma coroa, ou melhor duas! Uma delas caiu numa bola.
A varinha estava na sua vez até se aproximarem os esquilos e a formiga com um selo às estrelinhas.
É Inverno?
O Brincalhão bebé tem comida até ao Verão. Até que rouba e chega a cair mesmo ao lado da gatinha Sissi. Incapazes de se porem de pé.
É Outono?
A neve do dono tem alimentos com alarme. A aldeia tem natureza com laço."
 
Foi um trabalho de colaboração total entre os elementos do grupo e depois de surgirem várias hipóteses para título da obra foram apresentadas as razões para escolher um e não outro.
O grupo não conseguiu chegar a consenso e a forma encontrada para a decisão foi a votação.
A Aldeia dos Smurfs foi o título que reuniu maioria dos votos (talvez porque o seu autor tivesse anteriormente explicado a origem de tal ideia - "junta a primeira com a última frase da história.")
 
O desapontamento manifesto  em tristeza e algumas lágrimas por um dos elementos do grupo face a ninguém ter votado na sua hipótese levou o grupo a uma reflexão:
 
Devo não escolher uma excelente ideia, só porque não é minha? Ou, na sua formulação inversa, Devo escolher uma ideia só porque ela é minha?
"- Claro que não! Assim perderíamos uma boa ideia!"
 
Ficam as fotos abaixo.


 


 


 
 
Grata pelo empenho e colaboração de todos!
LSilva
 
 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

As tuas ideias pertencem-te?

O livro que levei comigo era um...
Mas o que nos acompanhou durante a sessão foi outro, que pelas mãos da Lígia nos chegou da Biblioteca: O que é o Saber?, do professor Oscar Brenifier editado em Portugal pela Dinalivro.

 
Escolhemos trabalhar o separador Ideias e a primeira pergunta - As tuas ideias pertencem-te?
A Lígia experimentou comigo o papel de facilitadora de uma sessão de Filosofia para Crianças, o Gonçalo ajudou na escuta do essencial e sua anotação no quadro.
 
A Lígia rapidamente percebeu que tinha que perguntar o porquê das respostas afirmativas e das negativas.
As nossas ideias pertencem-nos porque saem da nossa cabeça, nós construímo-las com o nosso cérebro e, se nos dão a ideia ela é nossa, foram as justificações apontadas.
(As variantes a este sim foram o não e um mais ou menos que tinha dificuldades em posicionar-se numa das anteriores por verificar que há situações em que a ideia é nossa (partiu de nós, da nossa cabeça) e outras em que, partilhada, passa a ser de uma equipa ou de um grupo.)
 
Ora, observando esta última justificação e a situação da equipa que recebe uma ideia de alguém, a Lígia e eu resolvemos passar a uma segunda pergunta: o que te põe as ideias na cabeça?

Os sentidos,
um livro,
outra pessoa,
um tablet e a internet,
as proteínas e a força sanguínea,
perguntas,
Filosofia e disciplinas,
brincar,
actividades,
crescimento
(João- À medida que crescemos vamos sabendo mais coisas, ficamos como mais ideias.
Pára tudo: Gonçalo - Isso quer dizer que os mais crescidos são mais inteligentes do que os menos crescidos?! Claro que não!  O João esclareceu: - Ficamos a saber mais coisas, mais matemática, mais palavras, mas podemos não ficar mais inteligentes.),
discutir e conversar,
e a hipnose
(se bem  que o Diogo queria caracterizar aquelas situações em que ficamos UAU!!, boquiabertos e pasmados com algo. São situações emocionantes e ficamos com aquela ideia na cabeça. O grupo reviu o conceito e sugeriu espanto. O Diogo aceitou a sugestão.).
 
Foi tão fácil concluir como ouvir o toque de saída: grande parte das nossas ideias (senão a maioria ou mesmo a totalidade) vêm de coisas, pessoas ou situações fora de nós, por isso uma das primeiras ideias avançadas - saem da nossa cabeça - ganhou uma dimensão bem mais restrita!
 
 

 
 
Grata a todos pelo empenho!!
LSilva













quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Dia Mundial da Filosofia - uma viagem no tempo!

Para o Dia Mundial da Filosofia preparámos uma viagem à Idade da Pedra.
 
Que objecto levarias? e Que ideia levarias?
 
 
Os objectos foram variando, cada um com o seu propósito:
 
máquina mineira para encontrarem ouro e não existirem pobres;
armas de pedra e pedras, para defesa e para os homens da Idade da Pedra serem meus amigos (e não se assustarem);
canas de pesca, para ajudar na alimentação;
um livro, para poder saber tudo e, claro, uma lancheira com comida.
 
Já no campo das ideias surgiram as seguintes escolhas:
 
Ciência, para eles fazerem várias experiências com materiais da natureza. (J.)
Matemática, para eles serem mais espertos e para fazerem as suas procuras, e porque começariam a inventar as contas de adição, subtração, divisão e multiplicação. (B.)
Descoberta da Humanidade, porque gosto de descobrir coisas e também cromeleques, menires, dolmens e antas. (D.)
Paz, porque não é com guerras e conflitos não resolvem as coisas. (L.)
Liberdade, para fazerem o que quiserem e pensarem o que quiserem e não acabarem presos. (R.)
Enriquecimento, pois assim na Idade da Pedra eles poderiam ter amigos e ter sempre alguém que ajuda. (D.)
 
E por entre perguntas como «Havia pobreza na Idade da Pedra? O que fariam eles com ouro?» ou «Na Idade da Pedra as pessoas não eram livres? Iam presas?» («- Não é assim, eles rezavam nos cromeleques e Deus dava a liberdade!») e «A liberdade existe porque Deus a dá?» começaram ressoar insistentemente duas coisas: os segundos contados em coro pelos alunos e... trovões!
 
Num alvoroço, fomos verificar a velocidade da luz e ficamos a saber que teríamos que viajar 48 000 km para chegarmos ao pé do vozeirão que (aparentemente) nos desliga as luzes.
A sessão terminou.
 
 
Votos de continuação de bom Dia da Filosofia!
LSilva
 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Qual é o estado do teu coração?

Na sessão passada o grupo do 4º ano estava entusiasmado com um texto lido e relido na aula de Português, tanto que quiseram apresentar-mo. Ainda bem, tratava-se de um dos textos de O Inventão, de Manuel António Pina - «Homenagem aos Pés».
 
 
Realizaram-se perguntas a partir do texto (e não sobre o texto) e elegeu-se a mais interessante, que, neste caso, levou a comunidade de investigação a uma bela sessão:
«O Inventão será deficiente?»
 
 
Foi hora da competência filosófica da clarificação: o que é ser deficiente?
As diferenças entre ser doente, ter uma doença muito grave e ser deficiente estabeleceram limites entre os conceitos mas não foram capazes de uma definição coesa de deficiente. Não obstante o grupo distinguir/ conhecer alguns tipos e origens de deficiência.
Acabámos por nos dirigir para a questão da felicidade - Pode alguém deficiente ser feliz?
 
E é neste ponto, com um Não convicto  dos participantes, que passamos para a sessão de hoje. A visualização da curta-metragem Cordas deu o mote de entrada.
 
Pedida a moral da história, numa frase simples e direta, aparece a felicidade de alguém, não dependendo (pelo menos em exclusivo) das sua incapacidades físicas ou mentais.
 
«A amizade une as pessoas, como as cordas e as pontes.»
«A amizade faz as pessoas felizes.»
«Devemos ajudar as outras pessoas.»
«Quando imaginamos podemos ficar felizes.»
 
Abaixo ficam algumas perguntas para uma entrevista imaginária a alguém com deficiência:


 
Obrigada pelo envolvimento de todos!
LSilva
 
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

MASSAGEM DO CORAÇÃO E DA ESPIRAL







O toque é trabalhado ao longo das várias sessões com os meninos e meninas do 2º B e 4º B. É bem acolhido por todos e, mais tarde ou mais cedo rendem-se a esta técnica que é usada para prevenir comportamentos agressivos e mesmo bulling.

Todos identificaram o coração como símbolo do amor (incondicional), da amizade! Já a espiral foi primeiramente associada ao caracol como grande exemplo na natureza deste símbolo do equilíbrio.

Entusiasmados por iniciar a massagem, dispusemos três cadeiras no centro da sala e um a um, fomos desenhando com o nosso dedinho um coração, seguido de uma espiral nas costas dos colegas. Houve quem pedisse bis, bis,… Eu, enquanto professora também recebi esta magnífica dádiva…

Como forma de materializar fisicamente os símbolos aprendidos, treinámos em suporte papel imensos corações e espirais. Houve quem sentisse, ao princípio, insegurança no desenho destes símbolos (aparentemente simples). Usámos as mais diversas cores e não deixamos a criatividade em mãos alheias!!!



 
























Afixámos as nossas criações na sala de aula para propagar a boa energia e trazer harmonia à toda turma, aos professores e a todos que por aqui passam.


 


Gratidão
S.A.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O que se faz em Filosofia?

O 4º ano colocou no quadro os verbos que fazem as nossas sessões de Filosofia.
Melhorar; Comentar; Explorar; Descobrir; Respeitar; Aumentar (o pensamento); Participar, Agrupar; Perguntar; Responder; Esperar; Ouvir; Comentar; Pesquisar; Descobrir e todos os verbos que a seguir podem ver encheram a lousa.


Espontaneamente, a comunidade de investigação começou a ligar os conceitos que as palavras expressam. Então, cada participante escolheu três verbos e explicou ao grupo qual a conexão entre eles.

Em seguida, tratou-se de mudar o meio de comunicação, de transformar o que está em letras e palavras em imagem. Quem observar o desenho realizado deve conseguir saber a que verbo se refere.

Agora é a sua vez: que verbo atribuiria a cada desenho?

(Copiar)
 Não resisti a perguntar ao G., o melhor se copiar é bom ou mau e se é representativo das sessões de Filosofia. Ele pensa que copiar é algo de mau porque não estamos a usar a nossa mente, mas apenas a usar o que o outro pensou: não aprendemos. Em Filosofia às vezes acontece, quando a professora pede para escrever uma palavra ou uma frase e quem está ao lado vê e escreve a mesma.

(Ler e Escrever)


(Pensar, Responder)
(Ouvir, Esperar)
(Perguntar)

(Esperar, Participar)

(Aumentar, o pensamento)
Grata a todos pela colaboração motivada!
LSilva

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Ser vaidoso é...

«...
- Podemos ser amigos de nós próprios?
- Eu não! Eu não sou amigo de mim mesmo.
- Porquê?
- Porque quem é amigo de si mesmo é vaidoso. E quem é vaidoso perde os amigos. Eu só fui uma vez: estava a fazer um penteado. Mas a minha mãe disse-me "Ahah! Que é isso, estás todo vaidoso?!" e a partir daí só me penteio - com uma crista ou isso - quando tenho futebol para ficar parecido com o Cristiano Ronaldo.» João, 7 anos
Esta intervenção, já no final de uma sessão com o 2º ano, tornou-se epígrafe de alguns dos encontros seguintes, também com o 4º ano.
Tentámos a definição de vaidade e analisámos as diferentes respostas. A comunidade de investigação foi concluindo várias ideias ao mesmo tempo que apontava semelhanças entre as definições e corrigia algumas delas.
Uma das primeiras evidências a surgir foi que ser sexy, ser bonito e ter um cabelo espetacular são características pessoais que não implicam ser vaidoso.
A origem da vaidade não é o dinheiro: é possível usar sempre vestidos e joias caríssimos, ter Lamborghinis, dentes de ouro,  dinheiro, etc, etc, etc e não ser vaidoso. É possível ser pobre e ser vaidoso. Mas é mais provável que os ricos sejam mais vaidosos.
Há ações que são de pessoas vaidosas mas outras não. É o caso de pentear-se, escolher a camisola que mais gostamos ou arranjar-se para ir para a escola. Porém, se nos penteamos cheios de gel e demoramos tanto tempo que até chegamos atrasados à escola, já somos vaidosos.
Restaram algumas expressões & uma resposta antes do toque de saída: gabar-se muito, achando-se a melhor e ser convencido & ninguém gostaria de ter amigos vaidosos.
Ficam algumas fotografias para acompanhar o texto.




Grata pelo V/ empenho,
LSilva